Perfil e Acompanhamento dos Egressos
PERFIL DO EGRESSO
Até o ano de 2010, a área de arquitetura e urbanismo na Brasil não contava com nenhum mestrado profissional vinculado à salvaguarda do patrimônio edificado e urbano – carecendo de um curso Stricto Sensu voltado para a formação específica de mão de obra qualificada para atuar no mercado de trabalho, tanto regional como nacional e internacional. O Mestrado Profissional em Conservação e Restauração de Monumentos e Núcleos Históricos (MP-CECRE UFBA) aparece, deste modo, para preencher a lacuna, preparando – para o ofício prático da conservação e restauração de monumentos e sítios urbanos consolidadas de interesse cultural – arquitetos e engenheiros brasileiros, latino-americanos e de países africanos de língua portuguesas, bem como Portugal.
Neste sentido, a formação, através de um mestrado profissional, mais aprofundada na área de da salvaguarda do patrimônio edificado e urbano, está proporcionando uma nova visão crítica no que concerne à conservação, restauração, revitalização, reciclagem, renovação de monumentos e das intervenções em núcleos urbanos de interesse histórico e artístico.
De fato, os mestres pós-graduados pelo MP-CECRE – aqueles que concluíram um dos dois mestrados profissionais nacionais da área de arquitetura e urbanismo que lidam diretamente com o ofício prático da intervenção sobre o acervo edificado e urbano (o segundo, oferecido pela UFRJ, foi iniciado em 2013) – estão retornando ao mercado de trabalho com perfil para a análise e solução de problemas reais e globais. Estes arquitetos e engenheiros começam a provocar um pequeno, mas significativo impacto regional, nacional e internacional, ensejando a resolução de importantes problemas atuais da arquitetura e do urbanismo, com enfoque no patrimônio histórico.
Especificamente para a área de conservação e restauro, existe a necessidade de formação adequada de recursos humanos para a proteção de bens culturais, o que tem sido aceito mundialmente como condição indispensável para a implantação de políticas de preservação eficazes e capazes de, em curto espaço de tempo, estender esta proteção a um número cada vez maior de monumentos.
Neste sentido, o Mestrado Profissional em Conservação e Restauro está provendo a crescente demanda de pessoal qualificado para atuar nas secretarias de município, de estado e órgãos federais, instituições oficiais de preservação de bens culturais.
Também tem como resultado a inserção no mercado de trabalho desses profissionais em empresas privadas, que passam a intervir na área, ou que foram criadas em função do desdobramento das políticas públicas que tem resultado na contratação e terceirização das atividades previstas para a execução de obras de intervenção em áreas protegidas.
Muitos egressos também dividem suas atividades como técnicos especializados na salvaguarda do patrimônio edificado e urbano com a prática acadêmica, ingressando em universidades públicas ou privadas onde, quase sempre, contribuem com a formação dos alunos de graduação e pós-graduação na área de conservação e restauração de monumentos e núcleos urbanos.
Ou seja, a criação do MP-CECRE foi plenamente consonante ao Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) 2005-2010, visto que tem contribuído para a diminuição das assimetrias e desigualdades regionais e estaduais e com a satisfação da meta de crescimento de titulação na área de Arquitetura e Urbanismo em diversos estados fora do eixo Rio-São Paulo; e em diversos países da América Ibérica.
A maior prova disso é a incrível diversidade regional e internacional dos alunos e ex-alunos, falando especificamente das três turmas encerradas e daquela em andamento do mestrado profissional (desconsiderando os 264 trabalhos desenvolvidos nas doze versões do curso ministrado como especialização na Bahia, de 1981 a 2009): Alagoas, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, Sergipe – mas também egressos e discentes de fora do Brasil: Argentina, Bolívia, Colômbia, Cuba, El Salvador, México.
Portanto, o MP-CECRE – ao estimular a formação de qualidade na área da conservação e restauração do patrimônio edificado e urbano através do intercâmbio de professores e alunos de outros estados e países, bem como por meio do fomento a atividades de visita de campo a exemplos de intervenção fora do estado da Bahia –está contribuindo para ajudar no atendimento a demandas originadas de carências do Estado da Bahia e de outros estados brasileiros, assim como demais países latino-americanos (mas aberto também a discentes africanos de língua portuguesa e Portugal), na área pertinente ao curso.
Durante o curso, o aluno desenvolve um projeto de intervenção sob a orientação de consultores das mais diversas áreas e competências, de diversos estados brasileiros e diferentes nacionalidades. O produto defendido na banca final é um projeto completo e detalhado de conservação e restauração do patrimônio edificado ou urbano de interesse cultural – com o suporte de um memorial descritivo teórico que apoia a proposta, bem como o desenvolvimento de trabalhos técnicos que antecedem a elaboração de qualquer projeto de intervenção em preexistências (levantamento de dados, cadastro dos monumentos e sítios históricos, diagnóstico tecnológico do monumento ou da área urbana que deverá sofrer a intervenção).
Deste modo, o trabalho final que cada estudante realiza durante as edições do curso como atividade acadêmica – mas também como atividade absolutamente profissional – divide-se em:
- Projetos de áreas ou conjuntos urbanos de interesse histórico e cultural – tendo como premissa a definição de critérios e diretrizes para a sua preservação e ou requalificação;
- Projetos de restauração de edificações – que têm como objeto a restauração e adaptação de monumentos isolados, atendendo às novas dinâmicas contemporâneas;
- Projetos de restauração estrutural ou de instalações – ou seja, propostas de cunho mais tecnológico, geralmente desenvolvidas pelos alunos que ingressam no curso com a formação de engenharia.
Independente do caráter do projeto de intervenção é preciso dizer que produto final não é uma dissertação acadêmica, mas um trabalho profissional diretamente aplicável na realidade prática – um projeto que pode ser incorporado e executado pelas entidades de proteção e salvaguarda do patrimônio cultural brasileiro, latino-americano, africano, europeu (a depender do objeto de estudo), bem como por escritórios particulares de arquitetura e engenharia que atuam na área da conservação e restauração do patrimônio edificado e urbano de interesse cultural.
Na verdade, também a produção teórica e prática que antecede o produto final a ser defendido na banca caracteriza-se como um conjunto de trabalhos profissionais, e estes produtos podem ser (e são frequentemente) negociados – como um todo, ou separadamente – com as entidades de salvaguarda do patrimônio edificado e urbano, ou com escritórios particulares de arquitetura e engenharia.
Portanto, o levantamento histórico do edifício ou da área urbana na qual será desenvolvido o projeto de intervenção, assim como a elaboração do cadastro arquitetônico e urbanístico, bem como o desenvolvimento do diagnóstico tecnológico e de conservação preventiva do monumento ou do núcleo urbano, são etapas do trabalho que antecedem necessariamente o ofício da ação projetual – fases essenciais da pedagogia do aprendizado prático, ministradas nos três ateliês que os alunos precisam cumprir. Não obstante, se caracterizam como serviços técnicos de alta especialidade na área da arquitetura e da engenharia, e mais especificamente, no campo da conservação e restauração do patrimônio edificado e urbano.
Todos estes produtos interessam aos agentes públicos e particulares da salvaguarda do patrimônio cultural.
Ao final do mestrado profissional, os trabalhos realizados, com base nos conhecimentos teóricos e metodológicos adquiridos no decorrer do curso, formam um acervo de propostas possíveis de serem executadas especialmente pelas instituições públicas voltadas para as políticas de preservação cultural, além de se constituírem, por si próprios, em documentos essenciais para o desenvolvimento de outros estudos ou propostas que tenham como objeto os temas trabalhados ou áreas análogas.
Hoje todos os trabalhos dos egressos do curso estão disponíveis no site. Conferir em: https://cecre.ufba.br/trabalhos-finais-arquivos
ACOMPANHAMENTO DE EGRESSOS
É possível dizer que nestes seis primeiros anos de implantação, melhor dizendo, de adaptação do curso do CECRE à nova realidade de mestrado profissional, revela-se claramente que o objetivo de formar profissionais gabaritados na conservação e na restauração do patrimônio edificado e urbano está sendo claramente cumprida. Os egressos do curso são profissionais brasileiros ou estrangeiros (foi formado um italiano, uma argentina, uma boliviana e uma salvadorenha) que costumam ser aprovados em concursos do IPHAN e nas seleções das instituições estaduais de salvaguarda do patrimônio, bem como técnicos procurados para, terceirizados, contribuírem em projetos e programas administrados por estes órgãos – mas também profissionais que estão ingressando em universidades públicas e privadas como docentes, atuando nas áreas pertinentes ao mestrado profissional.
Alunos estrangeiros estão voltando para os seus países para compor quadros públicos ou privados da salvaguarda do patrimônio edificado e urbano de interesse cultural: El Salvador, Argentina.
Falando da atuação profissional de forma quantitativa, nesta recente e extenuante coleta de dados, foi possível constatar que dos 23 alunos que concluíram o curso até o ano de 2016, pelo menos 14 (61%) estão trabalhando em instituições públicas, com atividades atreladas ao ofício da arquitetura e urbanismo – seja como parte do quadro de funcionários, ou como contratados temporários. Destes, pelo menos 12 (mais de 50% do total de egressos) atuam em entidades ligadas diretamente à proteção do patrimônio cultural (principalmente no IPHAN e na UNESCO, mas também entidades de fora do Brasil) – e mesmo os outros 2 egressos, que são funcionários públicos, arquitetos de instituições que não tratam da preservação do patrimônio, acabam lidando com questões vinculadas à conservação e restauração do patrimônio edificado e urbano nas suas locações (particularmente no que se refere aos imóveis pertencentes a estes órgãos públicos).
Por outro lado, nove ex-alunos do mestrado profissional (39%) são ou foram professores de uma ou mais universidades públicas ou privadas, ou professores substitutos (temporários) de universidades públicas – quase todos ministrando aulas na área de “Técnicas Retrospectivas”, a disciplina dos cursos de graduação em arquitetura e urbanismo que trata da temática da salvaguarda, conservação e restauração do patrimônio edificado e urbano de interesse cultural. Quando não são os responsáveis pela disciplina de patrimônio, são professores de “Projeto de Arquitetura e Urbanismo”, ou “História da Arquitetura e do Urbanismo”, temas plenamente afins aos interesses do MP-CECRE.
Três dos egressos estão fazendo doutorado na área de “Conservação e Restauro”, “História da Arquitetura Moderna” e “Urbanismo Moderno e Contemporâneo”.
Para além disso, pelo menos 12 dos 23 egressos (mais de 50%) atuam, ou como profissionais liberais, ou como contratados de empresas privadas, na elaboração de projetos de arquitetura e obras de conservação e restauração. Sete deles são sócios de escritórios de arquitetura ou engenharia que desenvolvem projetos em várias áreas, especialmente na salvaguarda do patrimônio edificado e urbano.
Nota-se que há sobreposição de funções para muitos egressos (atuação concomitante em instituições públicas, docência, profissionais liberais); mas o que importa dizer é que, apesar do pequeno número de titulados que o MP-CECRE ainda apresenta, todos possuem uma intensa atuação na área de formação do curso (por isso somos tão exigentes na seleção e na titulação); todos, sem exceção, atuam ou atuaram, em algum momento, no ofício da conservação ou restauração do patrimônio edificado e urbano. Alguns, inclusive, assumiram cargos de chefia junto aos órgãos de proteção do patrimônio em que trabalham – pelo menos três dos egressos.
Em outra direção, é preciso atestar que 6 dos 9 projetos de intervenção que afetam o patrimônio edificado, desenvolvidos pelos alunos para obter o grau de mestres profissionais na turma que concluiu o curso em outubro de 2011 (66,7%) – há cinco anos atrás –, tiveram ou estão tendo desdobramentos práticos em vista de sua execução. Da turma de 213 conseguimos detectar desdobramentos práticos em um dos seis trabalhos defendidos – mas ainda é muito pouco tempo de conclusão do curso para que os projetos tomem forma.
Finalmente, nos meses de novembro e dezembro de 2015 sete alunos da terceira turma do curso (que entraram em 2014) concluíram o mestrado profissional. No mês de março de 2016, tivemos outra defesa de trabalho final e aprovação.
Apesar da recente titulação, já é possível perceber o engajamento destes oito profissionais no ofício acadêmico e no exercício prático da conservação e restauração de edifícios e núcleos históricos de interesse cultural: profissionais que ingressaram em universidades públicas, receberam bolsas de pesquisas, estão cursando o doutorado, ou que estão diretamente engajados em trabalhos de salvaguarda, conservação e restauração do patrimônio arquitetônico e urbano – apesar de apenas um ano de titulação.
Agora nos voltaremos à produção intelectual dos egressos praticada enquanto alunos do curso. Apesar deste item se referir ao acompanhamento dos ex-alunos, entendemos ser muito difícil separar o egresso do discente, principalmente em relação aos trabalhos práticos de caráter profissional elaborados no âmbito do mestrado profissional.
Logo, no que se refere à produção acadêmica e prática dos alunos (incluindo os 20 que entraram em julho de 2016), somam-se, nos anos de 2013, 2014, 2015 e 2016, mais de 116 trabalhos cadastrados na Plataforma Sucupira.
O destaque é para a produção técnica desenvolvida durante o curso – o que é absolutamente pertinente para os objetivos de um mestrado profissional.
Na verdade, o Trabalho Final do MP-CECRE é um projeto arquitetônico ou de engenharia completo, que afeta a recuperação de uma preexistência edificada ou urbana de interesse cultural, com todos os aportes necessários para a sua aplicação efetiva: um trabalho profissional, desenvolvido durante os 24 meses do curso, com o apoio de inúmeros professores expertos na área, de diversos estados e países, bem como consultores de projeto que dão sua contribuição na orientação dos alunos.
Como se sabe, o produto final é desenvolvido em três grandes etapas – coincidentes com os três ateliês estruturantes do curso e defendidos em bancas fechadas:
- O levantamento histórico do edifício ou da área urbana na qual será desenvolvido o projeto de intervenção, em consonância como a elaboração do cadastro arquitetônico e urbanístico detalhado do bem;
- O diagnóstico tecnológico e de conservação preventiva do monumento ou do núcleo urbano que o aluno traz como tema de estudo;
- O projeto de intervenção propriamente dito.
Cada produto final dos ateliês – trabalhos que caracterizam serviços de alto grau de especialização – pode ser comercializado separadamente por entidades públicas ou privadas interessadas na preservação do acervo arquitetônico e urbano de interesse cultural, o que é muito comum, aliás.
Assim, para cada discente que concluiu o curso, foram registradas na Plataforma Sucupira três produções (levantamento cadastral; diagnóstico; projeto de intervenção) – incluídos na categoria “Elaboração de Projetos”. Após a defesa da banca do ateliê correspondente, tornam-se trabalhos imediatamente susceptíveis de negociação e de venda a escritórios e construtoras privadas que lidam com a área da salvaguarda do patrimônio edificado ou urbano, ou produtos técnicos que podem ser doados a instituições públicas, que muitas vezes têm pressa para a execução de obras de intervenção.
Também foram registrados os trabalhos de "Ateliê de Projeto I – Levantamento de Dados e Análise de Edifícios, Conjuntos e Sítios Históricos" dos alunos que ingressaram em julho de 2016 na quarta turma do MP-CECRE, o único ateliê concluído e defendido pelos atuais discentes.
Nesse sentido, a produção de Serviços Técnicos (projetos, obras, acompanhamentos, fiscalizações, consultorias, coordenações de projetos, análises laboratoriais, desenvolvimento de produtos, apoio a empreendimentos de qualquer tipo, coordenações) dos alunos do MP-CECRE, de 2013 a 2016, é bastante satisfatória: 77 trabalhos, sendo que 65 desenvolvidos dentro dos três ateliês do curso e 12 feitos fora do âmbito do mestrado profissional, mas sempre em interface com a temática do curso.
Em termos de produção teórica, o número de registros dos discentes é bem mais tímido, substancialmente por conta do próprio perfil profissionalizante do curso, mas também devido à imensa carga horária cumprida no MP-ECRE, o que inibe muito a publicação de trabalhos e a participação em eventos.
Mesmo assim, foram registrados no quadriênio 22 artigos publicados em anais de eventos e 17 apresentações de trabalhos.
No caso dos egressos, consideramos todos os concluintes do MP-CECRE – já que a primeira turma se pós-graduou em outubro de 2011, e só ao final de 2016 (no limite do quadriênio) esses ex-alunos completaram cinco anos de titulação.
A produtividade destes profissionais que lidam intensamente com a área da conservação e restauro é bastante satisfatória: 204 trabalhos registrados na plataforma sucupira, destacando-se: publicação em periódicos: 18; livros e capítulos: 4; anais de eventos: 13; jornais e revistas: 2; apresentação de Trabalhos: 21
Contudo, mais uma vez, o destaque vai para a produção prática e profissional: os serviços técnicos executados (projetos, obras, acompanhamentos, fiscalizações, consultorias, coordenações de projetos, análises laboratoriais, desenvolvimento de produtos, apoio a empreendimentos de qualquer tipo, coordenações): 146 produções.
Ou seja, é claramente perceptível que, apesar de significativa produção acadêmica, o grande envolvimento dos egressos é com os serviços técnicos, que se confundem com a prática profissional – objetivo da formação dos mestrados profissionais.
Pode-se dizer que dos 146 trabalhos práticos, pelo menos 80% estão relacionados diretamente à temática da conservação e da restauração do patrimônio edificado e urbano. Não obstante, as outras atividades – particularmente o envolvimento com projetos arquitetônicos e urbanísticos – estão indiretamente vinculadas aos conteúdos do curso, já que todo projeto de conservação e restauro do patrimônio edificado e de conjuntos urbanos é um projeto arquitetônico ou urbanístico.
Ver a listagem com a produção dos discentes e egressos do MP-CECRE entre 2013 e 2016.